O Selvagem

A raposa e a onça

Não faças bem sem saberes a quem.

Um dia a raposa, estando passeando, ouviu um ronco: u... u... u...

— Que será aquilo? Eu vou ver.

A onça enxergou-a e disse-lhe:

— Eu fui gerada dentro deste buraco, cresci e agora não posso sair. Tu me ajudas a tirar a pedra?

A raposa ajudou, a onça saiu, a raposa perguntou-lhe:

— Que me pagas?

A onça, que estava com fome, respondeu:

— Agora eu vou te comer.

E agarrou a raposa e perguntou:

— Com o que é que se paga um bem?

A raposa respondeu:

— O bem paga-se com o bem. Ali perto há um homem que sabe todas as coisas; vamos lá perguntar a ele.

Atravessaram por uma ilha; a raposa contou ao homem que tinha tirado a onça do buraco e que ela, em paga disso, a quis comer.

A onça disse:

— Eu a quero comer, porque o bem se paga com o mal.

O homem disse:

— Está bem; vamos ver a tua cova.

Eles três foram e o homem disse à onça:

— Entra, que eu quero ver como tu estavas.

A onça entrou: o homem e a raposa rolaram a pedra e a onça não pôde mais sair. O homem disse:

— Agora tu ficas sabendo que o bem se paga com o bem.

A onça aí ficou; os outros foram-se.