XVI
A raposa e a onça
NOTA — O pensamento desta lenda é o seguinte: quem é precavido não cai em poder do seu inimigo.
A onça saiu do buraco e disse:
— Agora eu vou agarrar a raposa.
Andou e, passando pelo mato, ouviu um barulho: xáu, xáu, xáu! Olhou: era a raposa que
estava tirando cipó.
A raposa, quando a viu disse:
— Estou perdida; a onça agora — quem sabe? — me vai comer!
A raposa disse à onça:
— Aí vem um vento muito forte; ajude-me a tirar cipó para me amarrar numa árvore, senão o vento me carrega.
A onça ajudou a tirar cipó e disse à raposa:
— Amarre-me primeiro; eu sou maior, o vento pode me levar antes.
A raposa disse à onça que se abraçasse com um pau grosso; amarrou-lhe os pés e as mãos e disse:
— Agora fique aí, diabo, que eu cá me vou!
XVII
A onça e os cupins
NOTA — Aquele que é mau por natureza não se corrige com a primeira punição.
Se o pensamento não é cristão, ninguém negará que as mais das vezes ele é verdadeiro na prática.
Passado tempo, vieram os cupins e começaram a fazer casa no pau em que a onça estava. A onça disse: