espojou-se sobre folhas secas e foi para o poço. A onça perguntou:
— Quem és?
— Sou o bicho Folha Seca.
A onça disse:
— Entra n'água, sai e depois bebe.
A raposa entrou, seu disfarce não boiou, porque a resina não se derreteu dentro d'água; saiu e depois bebeu, e assim fez sempre, até chegar o tempo da chuva.
XXI
A raposa e a onça
NOTA — Desconfia de teu inimigo, ainda mesmo depois de morto. Este pensamento que é o da lenda abaixo, não é certamente cristão. Tão pouco não é cristão o seguinte anexim vernáculo: quem a seu inimigo poupa, nas mãos lhe morre.
A onça disse:
— Eu vou me fingir de morta, os bichos vêm ver se é certo; a raposa também vem e então eu a pego.
Todos os bichos souberam que a onça morrera, foram e entraram na cova dela e diziam:
— A onça já morreu! Graças sejam dadas a Tupã! Já podemos passear.
A raposa chegou, não entrou e perguntou de fora:
— Ela já arrotou?(25)Nota do Autor
Eles responderam:
— Não.
A raposa disse:
— O defunto meu avô quando morreu arrotou três vezes.
A onça ouviu e arrotou três vezes.
A raposa ouviu, riu-se e disse: