tempo, e que alguns de nós ainda hoje falam, dizendo-vos: Tupã omogaraiba, yawé ara catú omehê peeme.
O que na língua dos portugueses quer dizer: Deus vos abençôe e vos dê também tempos felizes.
Sim, senhores: Tupã omogaraiba, zawé ara catú omeehê peeme, língua que alguns de vós entendem, era a que vibrava o ar desta Piratininga onde hoje estamos e a que dominava em mais de 800 léguas das costas do Brasil; era também a brasileira, hoje quase desaparecida de nossa pátria, pela mesma forma por que quase desapareceram as tribos heroicas dos aborígines, senhoras dela; a América está sepultada debaixo do guante civilizador, mas egoísta, da Europa, e são hoje raros os brasileiros que estudam e conhecem suas origens americanas.
Estes estudos, que precedem o centenário de Anchieta, são uma tentativa nesse sentido, porque é aos jesuítas, e entre eles a Anchieta, que devemos a preservação das raças indígenas, que nos são muito úteis debaixo do ponto de vista antropológico, como mostrarei adiante, e da raça mestiça ou do mameluco, cariboco, ou caboclo, que D'Orbigny, Darwin, Saint Hilaire, Ferdinand Denis e Quatrefages dizem ser uma das boas do mundo, e é mais americana do que a do negro ou a pura branca dos europeus que nos vieram do Velho Mundo.
§ 2° - PINDORAMA É O NOME AMERICANO DO BRASIL
Em 1553, ano em que Anchieta chegou ao Brasil, uma única nação dominava quase toda a costa desde o Amazonas até ao Prata, além de grandes regiões do interior: era a nação tupi-guarani, falando dous dialetos