Paulo temos mais elementos para julgar do estado de sua comparativa civilização.
Fazendo eu aterros em minha chácara da Ponte Grande, nesta cidade, e tirando a terra do morro chamado dos Lazaros, aí descobri, em 1885, um grande cemitério indígena, de onde foram extraídas algumas urnas funerárias de argila cozida, com desenho, dessas a que chamam erradamente ygaçabas (o que quer dizer vaso de água ou pote, e não urna funerária), lanças, flechas e machados de sílica polida, alguns dos quais conservo ainda na estante do Club da Caça e Pesca, nesta cidade. De Conceição de Itanhaen e São Sebastião trouxe em panela antiga de argila, diversos machados de pedra polida e, entre estes, um de ágata amarelada com riscos avermelhados, e a ágata é uma das mais duras pedras conhecidas.
Estes objetos, que podem ser vistos nas estantes do citado Club de Caça e Pesca de São Paulo, tendo sido uma das urnas funerárias fotografadas pelo cuidado do naturalista o sr. Alberto Lofgreen, mostraram mais três pontos:
1° Que eles podiam trabalhar e fazer armas de pedras muito duras que não só modelavam, mas poliam.
2° Que não só assavam, ou moqueavam (é o termo, não em língua portuguesa, mas em língua paulista) mas também cozinhavam seus alimentos.
3° Que acreditavam que o morto tinha outra vida depois desta, sem o que não colocariam junto a ele machados, lanças e flechas de pedra; suas mulheres e parentes não se matariam na ocasião de sepultá-lo, para continuar em sua companhia, nem as urnas seriam bordadas e adornadas como o eram.
De sua língua, como mostrarei adiante, se vê que eles acreditavam em um Deus e em diversos espíritos.