Este ponto, porém, será desenvolvido posteriormente quando eu mostrar qual a língua que falavam, matéria esta que tem sido posta em dúvida, por má compreensão do que escreveu Gabriel Soares em 1558, e que depois foi repetido por quase todos os outros, menos pelo mais autorizado de todos, que é o naturalista alemão, já citado, Carlos Frederico Philippe von Martius [sic.



§ 8.° — TUPIS DO BRASIL E SEU ESTADO AO TEMPO DO DESCOBRIMENTO

Dos aborígines do Brasil os que tiveram mais contato com os brancos, e que mais foram por eles estudados, são os tupis, que, segundo Martius, partiram dos chapadões ou araxás das montanhas dos Andes e irradiaram-se para o sul, para o norte e para o nascente, e conquistaram a maior extensão das terras do Brasil.

Nas solidões do Araguava, Coinamá, velho chefe anambé, muitas vezes me contavam que, quando seus avós emigravam das altas montanhas, provavelmente dos planaltos dos Andes, onde o sol morre, para as terras plainas, onde o sol nasce, os chefes, os tuchawas, como eles lhes chamam, dias antes da partida, à hora dos toques das buzinas, passavam diante das casas dos guerreiros, dizendo-lhes este famoso grito de guerra para a conquista do Brasil:

Yá só Pindorama koti, itamárana po anhantin, yara rama ae recê.

Marchemos para a região das palmeiras (Brasil) com a acha-de-armas na ponta da mão, seremos senhores do Brasil.

Isto confirma a opinião de Martius, isto é, que os aborígines do Brasil vieram dos planaltos do Andes e conquistaram a grande região já descrita anteriormente