O Selvagem

e ocupada por outras raças, ou mais fracas ou mais atrasadas.

O nome com que essa nação ou raça é designada pelos escritores é o de tupi-guarani, nome que pouco importa, porque eles não formavam uma nação no sentido de um só governo, nem dos mesmos hábitos e costumes: o que havia de comum entre eles era a língua ou línguas, que evidentemente provinham de um só tronco, que não sabemos ainda hoje, com certeza, qual era, ou qual seja.

O nome tupi entra no de muitas nações que falam a língua geral, como seja: Tupi-nambá, Tupi-niki, Tupi-naé etc., e creio que é daí que vem o nome de índios tupis.

Estes nomes, porém, pouco significam, e o de tupi-guarani designa a grande nação que falava as línguas irmãs tupi e guarani.

Dos costumes de tupis temos excelentes descrições nos autores antigos, em Caminha, escrivão da armada de Pedro Alvares Cabral, em Gabriel Soares, em Léry, em Laet, nas cartas do padre José de Anchieta, nos padres Ivos d'Evreux, Claudius d'Abbeville, Moraes e Simão de Vasconcellos.

Pelo que vi nas longas viagens que fiz pelos sertões do Brasil, essas descrições são pouco mais ou menos exatas.

Há um tópico, porém, em que as julgo inexatas, e é o em que afirmam que os tupis e outros aborígines do Brasil eram antropófagos, isto é, que se sustentavam com carne humana e que a tinham como alimento.

A raça branca, conquistando a América, tinha interesse em escravizar seus habitantes, e assim o fez. Tempo houve em que, só ao redor de São Paulo e em São Paulo, existiam mais de 60 mil índios escravos!

60 mil índios escravos, para uma população