branca ou de mestiços, que, provavelmente, não excedia a quatro mil!
Para justificar não só a tirania de escravidão, como o hábito de surrá-los até a morte, como o faziam, foi necessário, a princípio, sustentar que eles não eram homens, até que uma bula do Pontífice, no ano de 1537 que começa: Paulus Papa tercius, universis Christi fidelibus etc.(1)Nota do Autor os declarou homens, e como tais, senhores de suas vidas e liberdade; antes disto, porém, muito e muito sofreram e ainda sofrem hoje; nos sertões de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Pará e Amazonas ainda são mortos como animais selvagens.
Infelizmente eles não têm nem imprensa, nem escritores, nem letras, e seus sofrimentos são desconhecidos pela raça branca, que os vai roubando e extinguindo ao longo do território de nossa pátria.
Eis aqui o que nos narra o jesuíta padre Simão de Vasconcellos no n. 4, Livro Segundo, das Notícias das Coisas do Brasil.
Transcrevo suas palavras; diz ele que muitos dos primeiros povoadores entendiam que:
"Os índios da América não eram verdadeiramente homens; que podiam tomá-los para si quaisquer que os houvesse a servir-se deles, da mesma maneira que de um camelo, de um boi ou de um cavalo, feri-los, maltratá-los, matá-los... Testemunha frei Bartholomeu, bispo de Chiapa, que chegaram os espanhóis a sustentar seus cães (lebreos) com a carne dos pobres índios, que para tal efeito matavam e faziam em postas, como a qualquer bruto do mato".