O Selvagem

tuminús, de Aricuta, e que existe, e há de sempre existir guerra entre eles.Nota do Revisor

Até aqui o resumo de Thevet, que tem muitas outras coisas curiosas, mas que não cabem nesta conferência.

A teogonia dos índios tupis do Amazonas é diversa desta e está descrita no meu livro O Selvagem.

Estou preparando uma segunda edição desse livro, que já foi traduzido em línguas europeias.

A segunda edição será impressa no ano vindouro e trará, além do que já foi publicado, o vocabulário tupi do padre José de Anchieta, que nos dá a língua tal qual era falada pelos paulistas em 1570, e as lendas, língua e literatura dos atuais índios de São Paulo.

Na memória do atual povo de São Paulo existem os vestígios das crenças religiosas dos antigos paulistas, figurando entre as divindades e espíritos superiores, ou causas encantadas, os seguintes: Tupã, Jurupari, Anhanga, Caapora (vulgarmente Caipora), Curupira, havendo antes de chegar a Sorocaba um morro que tem esse nome Boi-tatá, Saci-saperê ou Matim-taperê, que torna às vezes a forma de um pássaro, a que chamam Sem Fim, o qual, quando canta, dizem os paulistas do povo, está chamando o sol, e que o sol vem então e esquenta a terra.

Anhanga julgo ser a divindade protetora da caça do campo, e aparecia, ou na forma de homem, ou na forma de veado; destes a que chamamos catingueiro.

O padre José de Anchieta diz que o rio Tietê, palavra a que ele dá o significado de madre ou mãe do rio, era chamado pelos aborígenes paulistas Anhanby, e significa terra de Anhanga, ou terra dos veados.

Efetivamente, poucas terras haverá no Brasil onde houvesse e onde haja tanta quantidade de veados, como os arredores de São Paulo.