O Selvagem

O nome de Anhanga entra também na composição de outro córrego aqui de São Paulo, Anhangabaí, que se decompõe em três palavras tupi-paulistas: anhanga-yba-y, que querem dizer, água da árvore de Anhanga, árvore cujas flores são mui procuradas pelos veados.

Comecei há pouco tempo a coligir essa literatura tradicional das origens americanas do povo paulista; ainda não pude, apesar de esforços e de disposição para fazer despesas, encontrar índios daqui que falem o tupi; mas hei de encontrá-los. Coligirei o que puder e publicarei, na segunda edição do Selvagem, tudo o que encontrar sobre isso.



§ 10.° RAÇA ATUAL DO BRASIL E DE SÃO PAULO

A raça humana, que atualmente habita o Brasil, é descendente de três troncos; dois do Velho Mundo (o branco da Europa e o preto da África) e o vermelho da América.

Nós não somos, pois, nem europeus nem africanos. No colossal cadinho da América do Sul já se fundiram, e continuam a fundir-se, os sangues das três raças, e produzindo uma americana, a brasileira, que há de ser forte e poderosa, como a raça yankee da América do Norte; essa também não é europeia, nem africana, e sim americana; a nossa há de ser grande e poderosa, porque é inteligente, forte, sóbria, laboriosa e pacífica, e porque o território de nosso país, com uma só língua e uma só religião, pode conter, segundo os cálculos de Elisée Reclus, mais de 300 milhões de habitantes.

Sim, nós não somos nem europeus e nem africanos; somos uma raça americana, que já está afastada de seus progenitores do Velho Mundo (brancos e africanos) e que, no futuro, há de ficar ainda mais afastada.