O Selvagem

Pelo lado físico somos, em geral, menos gordos, menos corpulentos, porém mais ágeis e mais nervosos do que o europeu e do que o africano.

A mescla das raças do Velho com as do Novo Mundo não é somente no sangue; é também na inteligência, moralidade, linguagens, religião, divertimentos e alimentação populares.

Digo populares, porque o povo, isto é, a classe dos homens que não são ricos, que é sempre a que tem o maior número, é a que principalmente constitui a nação brasileira.

O orgulho dos ricos, que só leem por livros franceses, que se vestem, alimentam-se, divertem-se, e em tudo imitam e macaqueiam a raça mais adiantada do Velho Mundo, faz que eles sejam mais europeus do que americanos e brasileiros; desprezam tudo quanto é americano, procuram mesmo apagar língua, nomes próprios, alimentos, crenças e costumes do continente de onde somos filhos.

Não é desses que atualmente falo, e sim a do povo brasileiro, que a de enriquecer, ilustrar-se e ser poderoso, unindo suas origens do Velho às do Novo Mundo.

Essa classe ou raça, já eu o disse, distingue-se fisicamente dos troncos europeu e africano, e mostrei-o em que. Disse mais que se distingue na inteligência, moralidade, linguagem, alimento, superstições, danças e lutas físicas.

Inteligência — A do brasileiro é mais intuitiva do que a dos homens do Velho Mundo, que é mais reflexiva e mais capaz de estudos e conhecimentos analíticos e detalhados; o brasileiro é, em geral, superior para artes mecânicas e belas, para tudo que denominamos ofícios, para as artes militares de terra ou de mar; é menos capaz do que o europeu para os estudos matemáticos,