Os jesuítas não coligiram a literatura dos aborígines, mas serviram-se de suas músicas e de suas danças religiosas para atraí-los ao cristianismo.
Entre essas danças havia duas, o cateretê e o cururu, que eram religiosas para os tupis e guaranis, e que todos os filhos do interior do Brasil conhecem, menos os que, querendo passar por franceses ou parisienses, afetam desprezar o que é nacional.
As toadas, profundamente melancólicas, dessas músicas e a dança foram adotadas pelos jesuítas, com o profundo conhecimento que tinham do coração humano, para as festas do divino Espírito Santo, São Gonçalo, Santa Cruz, São João e Senhora da Conceição.
Ainda hoje nas populações de São Paulo, que não foram conquistadas pelos italianos, e que não são dominadas pelos brasileiros pretensos parisienses, são elas rezadas assim: tendo-as ouvido em Carapicuíba, São Bernardo, Embuy [Embu], Itaquaquicetyba [Itaquaquecetuba], Mogi e em muitíssimos outros lugares aqui, no Pará, Goiás, Cuiabá, Minas, Bahia etc. Na capela do meu sítio Itay, estrada de Santo Amaro, são elas quase todos os sábados rezadas pela maneira por que as ensinou o padre José de Anchieta aos guaianás, creio que nesse mesmo lugar, porque aí morou um dos filhos de chefe Caá-Ubi, com muitos de seus patrícios.
Da literatura original dos índios, pouco, quase nada nos resta; ainda é tempo de coligi-la entre as tribos que subsistem.
Fui eu o primeiro que publicou lendas tupis em língua tupi, copiando-as das narrações dos indígenas.
Esta conferência já vai longa e não tenho espaço para apresentar espécimens extensos do estilo dos aborígines.
À página 163 do meu livro O Selvagem vem uma lenda intitulada - Mai pituna oyukuau ána, isto é, como