O Selvagem

"Existem no rio Tapajós, entre as cachoeiras e esparsas pelas campinas, dentro dos limites desta província com a de Mato Grosso, diversas raças de gentios, dentre as quais duas nações — a mundurucu e a maués — que se assinalam pelo contato em que se acham com a população civilizada e em mútuas relações, e por conseguinte bem conhecidas. Estas duas nações se dividem, a mundurucu em 21 tribos, formando cada tribo a sua aldeia ou taba, e a maués em 51 tribos, além de cinco, que estão no distrito de Vila Bela, da província do Amazonas.

As 21 aldeias ou tabas dos mundurucus contêm 13.910 almas, e as 51 dos maués, 775".

Portanto, nem pelo número nem pela posição, os perigos a que as populações cristãs ficarão expostas, desde que os selvagens se virem mais apertados, não são inferiores, pelo contrário são maiores do que aqueles a que atualmente está exposta a República Argentina; e se ali ainda este ano os selvagens, que são dez vezes menos numerosos do que os nossos, puderam destruir, só em uma incursão, valores equivalentes a mil quatrocentos e muitos contos, — que esforços não devemos nós empregar para fugirmos de idêntica situação, com selvagens mais numerosos e com um país de muito mais difícil comunicação, sobretudo quando esse selvagem nos pode ser tão útil?

III

Assimilação do selvagem por meio do intérprete

A experiência de todos os povos e a nossa própria ensinam que no momento em que se consegue que uma nacionalidade bárbara entenda a língua da nacionalidade cristã que lhe está em contato, aquela se assimila a esta.