O Selvagem

realizarmos a conquista pacífica de duas terças partes do solo do Império, de um milhão de braços hoje perdidos, de indústrias que em poucos anos podem decuplicar; de assegurarmos nossas comunicações pelo interior e evitarmos no futuro graves dificuldades.

E onde estão os elementos para criar-se esse corpo de intérpretes?

Estão no exército, na armada e estão espalhados pela superfície do Império, que por si representa um quinze porcento da superfície terrestre do globo.

Reuni-los em um corpo, dar-lhes organização, ensinar-lhes a ler e a escrever e os ofícios indispensáveis de carpinteiro e ferreiro é tão fácil que nada nos desculpará de não empreendê-lo agora, quando para isso temos todos os elementos.

Esse corpo, desde que tivesse a organização e a disciplina militar, seria um auxiliar prestimoso para nossas colônias militares, para nossas populações das fronteiras, para as expedições que quiséssemos mandar ao interior, e para proteger as nossas comunicações interiores, com as duas grandes bacias do Prata e do Amazonas que estão à mercê do selvagem e nos seriam preciosas, desde que nos fosse trancado o caminho do oceano, ou a foz do Rio da Prata ou do Amazonas; este último fato pode dar-se não [só] diante de uma guerra externa, como diante de uma revolução.

Antigamente, quando se queria fundir uma população em outra, o meio que logo ocorria era a força.

A Inglaterra na Ásia, a França na África, a Rússia na Ásia e na América nos demonstraram que os corpos de intérpretes são, não só mais econômicos, como muito mais eficazes.

Felizmente nós, os brasileiros, nos temos aproveitado e havemos de nos aproveitar da lição dos povos mais cultos do mundo,