Digo que nos havemos de aproveitar, porque, felizmente, o governo se ocupa seriamente da questão; oxalá não desanime.
IV
Extensão geográfica em que domina a língua tupi
O estudo das grandes línguas indígenas do Brasil é assunto de considerável interesse, não só debaixo do ponto de vista prático, como debaixo do ponto de vista científico.
Quanto a seu interesse científico, transcreverei aqui as palavras que vêm na introdução da obra — Alphabeto phonetico — de um dos mais notáveis linguistas dos tempos modernos, o sr. R. L. Lepsius, de Berlim. Diz ele:
"Um dos maiores anelos da ciência moderna, e ao qual só ultimamente se achou em circunstâncias de atender, é o conhecimento acurado de todas as línguas da terra. O conhecimento das línguas é o mais seguro guia para a compreensão íntima das nações, não só porque a língua é o meio de toda comunicação intelectual, como também porque é a mais copiosa, rica e fiel expressão do depósito intelectual de uma nacionalidade".
Nenhuma língua primitiva do mundo, nem mesmo o sânscrito, ocupou tão grande extensão geográfica como o tupi e seus dialetos; com efeito, desde o Amapá até ao rio da Prata, pela costa oriental da América meridional, em uma extensão de mais de mil léguas, rumo de norte a sul; desde o cabo de São Roque até a parte mais ocidental de nossa fronteira com o Peru, no Javari, em uma extensão de mais de 800 léguas, estão, nos nomes dos lugares, das plantas, dos rios e das