a língua ou desapareceu ou mestiçou-se no rústico falar do nosso povo, conseguindo introduzir na língua portuguesa do Brasil centenares de raízes.
A língua viva atual é falada hoje em alguns lugares da província do Pará, entre eles Santarém e Portel, no rio Capim, entre os descendentes de índios ou entre as populações mestiças ou pretas que pertenceram aos grandes estabelecimentos das ordens religiosas. De Manaus para cima ela é a língua preponderante no rio Negro, e muito mais vulgar do que o português.
Só esta bacia do rio Negro e seus afluentes abrangem uma área igual a das grandes monarquias europeias, pois têm, em distâncias geográficas, 250 léguas de leste a oeste, e 200 de sul ao norte, ou uma área de 50 mil léguas quadradas.
Pela margem esquerda do Amazonas, a região que é quase exclusivamente dominada pelos selvagens tem 500 léguas de leste a oeste e de 200 a 250 de norte a sul, ou a área colossal de 125 mil léguas quadradas.
Muitas línguas se falam nesse imenso país, mas, sem a menor contestação, o tupi ou nheengatu é a língua geralmente entendida.
Ignoramos qual seja a população indígena existente nessa vastíssima região; mas dizem alguns desertores, que hão penetrado parte dela, que a população é mais densa à medida que se afasta dos lugares acessíveis aos cristãos.
Não creio que a população selvagem seja densa em parte alguma; mas ainda calculando-a muito rarefeita, isto é, dois indivíduos por légua, temos que uma só parte da bacia do Amazonas, aquela cuja área avaliamos em 175 mil léguas quadradas, terá, por essa regra, uma população indígena de 350 mil selvagens.
Em geral, nas cidades da costa, à exceção dos homens que se dedicam a profissões literárias, os outros