unicamente aquelas que, conhecendo a arte cerâmica, possuem vasos onde é possível realizar-se esta operação.
3º Para preparar conservas alimentares pelo processo da moqueação (permitam-me a expressão tupi, porque não temos na língua portuguesa um verbo que substitua o moquear). Este método de preparar conservas de carne, peixe e frutas, que eles conseguem moqueando estas substâncias, isto é, submetendo-as a um calor muito lento, porque não se moqueia bem uma carne sem o espaço de três dias, é para eles um recurso preciosíssimo, visto como, não conhecendo o uso do sal, não teriam meio algum de preservar e fazer conservas de substâncias azotadas. Destas conservas há uma, o piracuí, ou farinha de peixe, que goza de grande e merecida reputação. Remetida para uma das exposições de Londres, mereceu as honras de ser classificada como a mais perfeita das conservas de peixe.
Outra conserva, não menos notável é a que fazem da carne do peixe-boi por meio do fogo e graxa do mesmo animal e que é conhecida no Pará sob o nome de mixira. Entre conservas de frutos, por meio do fogo, há a que constitui a deliciosa bebida conhecida em toda a América do Sul, e hoje muito vulgarizada na Europa debaixo do nome maué de guaraná.
4º Empregam o fogo para coagular gomas, como a da borracha, que constitui hoje um ramo de comércio que vale de seis a sete mil contos anuais. Para fundir e condensar resinas, citarei, entre outras: a do breu indígena, que é hoje o que emprego exclusivamente nos barcos do Araguaia, sendo produzido por uma fusão de cera de abelha e resinas de diversas árvores; é mais durável do que o que nos vem da Europa.
Com o fogo condensam também a resina de maçaranduba, que já se exporta com o título de guta-percha.
Condensam também algumas substâncias estimulantes