indiquem a mais rudimentar infância da arte, é impossível, todavia, examiná-los sem reconhecer que foram lascados por um ser inteligente. É assim, por exemplo, que as partes destinadas a cortar abrem-se e espalmam-se à proporção que se contraem, e ao mesmo tempo se engrossam aquelas que são destinadas a ser empunhadas; em muitas, o corte descreve um arco de círculo, e revela-se já, no grosseiro instrumento, a forma dos cortes dos machados de aço fundido que a raça branca inventou muito depois de conhecer o uso do ferro. Estas e outras particularidades indicam, por parte do fabricante do instrumento, a intuição de leis mecânicas que é partilha exclusiva da humanidade, e impediriam ao observador confundir os instrumentos de pedra lascada com as pedras que casualmente o fossem, ou por efeito de fenômenos naturais, ou pela ação não intencional do homem.
Portanto, se tais instrumentos não são encontrados, ou o são mui raramente, é porque são raríssimos.
Não se pode supor que o nosso selvagem fosse uma exceção de regra, que até ao presente não a tem encontrado na família humana.
A única explicação que há para este fato é que o Brasil só possuiu os seus selvagens por via de emigração, e que esta deve ter-se efetuado depois que esses homens transpuseram em outra região o primeiro período da civilização ou barbárie humana.
Esta prova é robustecida por outra, deduzida também de instrumentos de pedra, e que é a seguinte:
Na província de Mato Grosso existem, à margem do Cuiabá e do Paraguai, grandes aterros feitos pelos antigos indígenas com o fim de, elevando o solo acima do nível das maiores enchentes, tornarem habitável uma região de sua natureza baixa e que, portanto, se cobre de água durante a estação pluvial. Entre os aterros do