O Selvagem

É fora de dúvida que os nossos selvagens eram agricultores muitos anos antes do descobrimento da América.

Falei acima dos grandes aterros da bacia do Paraguai e do Amazonas. Esses aterros conservam ainda vivos os testemunhos de sua agricultura, porque são povoados de bananeiras (pacova é o nome tupi, de que fizemos pacova, nome pelo qual a fruta é conhecida em todo o norte) .

Em uma fazenda de Marajó, que pertenceu ao sr. senador Leitão da Cunha e que é hoje propriedade de meu amigo dr. J. J. de Assis, existe uma grande plantação de cajueiros seculares que deu o nome à fazenda, a qual foi feita, muitos anos antes do descobrimento da América, pelos aruãs, tribo que habitou outrora a face da ilha de Marajó que fica contra o oceano.

Todos os viajantes antigos e modernos atestam a existência da arte da agricultura mais ou menos desenvolvida entre os selvagens.

Tenho estado em aldeias que nenhum contato têm tido com a raça conquistadora nos sertões do Araguaia; tenho conversado com chefes indígenas, entre outros o dos caiapós, de nome Manahó, que me dão notícias dos índios da bacia do Xingu, inteiramente desconhecidos de nós; quer pela vista, quer pelas relações ouvidas, todos esses índios cultivam, entre outras, as seguintes plantas: a mandioca, cujo conhecimento atribuem à revelação sobrenatural, assim como os árias atribuem a um Deus o conhecimento do trigo; a bananeira, o cará, e diversas espécies de batatas e tubérculos farináceos que são poderosos auxiliares do seu regime alimentar; cultivam ainda e fiam o algodão que se propagou mesmo nas tribos que não tiveram ainda contato com a raça conquistadora.

Deles aprendemos a cultura de algumas dessas