O Selvagem

Empregando o método naturalista, que não deixa de fazer as grandes divisões pelo fato de não ter dados para fazer as pequenas, propomos que se adote a seguinte classificação:

1º grupo: línguas arianas, ou aquelas que, contendo centenares ou milhares de vocábulos sânscritos, indicam um cruzamento entre os índios da América e aquela grande família branca: o quíchua, que era a língua falada pelos incas, seja o tipo predominante desta grande divisão, na qual se virá agrupar mais tarde uma outra grande língua, a saber: o quiche com seus dialetos, o chaque-chiquel e o zutuil, que, segundo o demonstra o padre Brasseur de Bourbourg, são parentas próximas de línguas europeias arianas.

2º grupo: línguas gerais não arianas. Neste grupo se compreendem o tupi e o guarani, entre os quais não há maior diferença do que a que existe entre o português e o espanhol; assim como se compreendem numerosos dialetos dessas línguas, entre eles o dos índios quiriris, no qual possuímos um curioso catequismo escrito em 1698, impresso em Lisboa, de que trato na notícia que dou no fim deste capítulo, onde escrevo a bibliografia dos dois grupos de línguas americanas; suponho que o segundo dos dois compreende também todas as línguas do Brasil.

IV

Línguas arianas da América

Parece hoje fora de dúvida que o sânscrito forneceu cerca de duas mil raízes ao quíchua.

Relações entre línguas americanas e esta grande língua asiática, de onde se originaram sete das grandes