O Selvagem

antigo monumento da sabedoria humana. Auxiliado depois por um distinto egiptólogo, que propositalmente foi a Buenos Aires, publicou o ano atrasado em francês a sua obra, Raças aryanas do Perú, em que apresenta centenares de raízes quíchuas idênticas a raízes sânscritas.

O quíchua é das línguas americanas a que mais tem sido estudada, como o mostraremos pelo catálogo das obras que sobre ela se têm escrito na América e na Europa.

A conclusão do sr. Fidel Lopez é a mesma do padre Brasseur do Bourbourg.

Quase ao mesmo tempo, um filólogo peruano, o doutor em leis José Fernandez Nodal, publicava em Cuzco (1872) os Elementos de grammatica quichua ou idioma de los Yncas, um volume in quarto, com 440 páginas, facilitando assim a comparação dessa curiosa língua americana com o sânscrito.

Não conheço o sânscrito; o que tenho estudado do quíchua me não habilita a julgar com tal segurança de sua gramática de modo a podê-la comparar com a de qualquer das línguas arianas que falo.

Mas, para ver identidade de raízes, basta saber ler, e depois de ter lido os trabalhos dos srs. Fidel Lopez, Brasseur de Bourbourg e Nodal, convenci-me de que as línguas de que tratam sofreram profundas modificações em seus vocabulários por vocábulos sânscritos. Uma raça ariana, portanto, esteve largamente em cruzamento com os índios americanos e os incas ou seus progenitores eram filhos dos platôs ou araxás da Ásia Central.

Ignoro se existe no Brasil alguma língua que com justa razão possa ser classificada como tendo afinidade com o sânscrito; se há, o guaicuru deve ser uma delas. Nossos conhecimentos estão, porém, muito atrasados para afirmá-lo ou negá-lo por enquanto.