falo-a tanto quanto é necessário para me fazer entender pelos indígenas; mas ainda não concluí meus estudos, que aliás tenho dirigido no sentido prático.
Pena é que sejam hoje tão raros os livros sobre as línguas indígenas, e tão raros que eu senti dificuldades até para organizar um catálogo deles. E essa será justamente a primeira dificuldade com que terá de arcar aquele que se empenhar nesta árdua, mas gloriosa senda. Concluirei este capítulo com a relação desses escritos, alguns que conheço só por notícia, outros que possuo ou tenho visto.
O mais antigo e, a todos os respeitos, precioso monumento que possuímos em português, é a Grammatica do jesuíta padre José de Anchieta, o mais notável dos antigos catequistas. Desta obra que esteve quase perdida para as letras, os mais minuciosos catálogos só mencionam a existência de dois exemplares, um existente na biblioteca do Vaticano e um pertencente ao sr. conselheiro Macedo, ex-bibliotecário do Torre do Tombo. Na América só existe um exemplar, e esse pertence a Sua Majestade o Imperador. Este exemplar, que é um primor de arte de caligrafia, consta-me que Sua Majestade o houve na Alemanha e é cópia fac-simile do da biblioteca do Vaticano. Eu o vi em uma das sessões do Instituto o ano passado. Pelo que pude julgar através do exame rápido que fiz dessa obra, pareceu-me um trabalho gramatical do mais subido valor. Desde que Sua Majestade possui um exemplar, a biblioteca do Instituto não ficará sem uma cópia.
Em seguida a esta obra, as mais preciosas são incontestavelmente as do padre Antonio Rodriguez Montoya, jesuíta espanhol, filho de Lima, e que floresceu no primeiro meado do século XVII. Escreveu ele:
Arte e vocabulario de la lengua guarani. Madrid, 1640. Esta obra é hoje raríssima; existe na Europa,