a terra aurífera em pequenos regos cavados na superfície do chão, e depois concentra-se o ouro em grandes bateias. Nos arredores da cidade cresce abundantemente a bela Anona, que produz a fruta-de-conde, de polpa saborosa e semelhante a um excelente creme. Conseguimos também aqui novos guias e três bons cavalos.
O dia 29 se passou também na travessia do sertão deserto, onde continuamos a encontrar viçosos grupos de laranjeiras, restos da antiga prosperidade da região. No trecho inicial da jornada a formação geológica era a mesma dos arredores de Descoberto, a saber, detritos de terrenos antigos, dispostos em camadas arenáceas auríferas; não tardou, porém que aparecessem cangas, principalmente nos pontos eminentes; finalmente, na última parte do trajeto, apareceu a descoberto o granito. É evidente que esta rocha existe em toda a região, mas em plano profundo e oculta sob as formações superiores. Transpusemos o leito seco do rio do Ouro, que desemboca no Santa Teresa, cinco léguas a leste de Descoberto, depois de receber o córrego do Areião. O riacho de Descoberto, também chamado das Laginhas, despeja no rio Cana Brava. No fim do percurso, que foi de quatro léguas e meia, vimos aparecer, a leste da estrada, a serra do Campo. À noite desabou temporal muito forte.
Em 30, fizemos cinco léguas e meia; encontrando ao longo de pouco mais de metade do trajeto os granitos a nu; apareceram depois as cangas, que se apoiam, com toda certeza, sobre essa rocha. Todas as águas atravessadas neste trecho correm para o rio do Ouro, que faz uma volta, a oeste da estrada. Ladeava o caminho, durante légua e meia, uma cadeia de montes chamada serra do Campo. Depois que esta ficara para trás, surgiu a leste da estrada, e a maior distância, a serra de Santa Teresa, que é bem mais importante do que a primeira e dá nascimento aos rios