Expedição às regiões centrais da América do Sul v.2

grande quantidade de onças, sendo rara a semana em que não se matam algumas.

A fazenda fica situada um tiro de canhão a noroeste da baía. Conhecemos aí uma negra albina, de pele cor-de-rosa e cabelos louros como os de uma europeia, muito embora fosse filha de um negro da Costa d'África, com uma preta da terra. Fenômenos desta espécie não são raros no Brasil.

Partimos a 28, às onze horas da manhã, acompanhados pelo alferes, diretor da fazenda, chegando depois de uma caminhada de quatro léguas e meia a outro estabelecimento do governo, chamado Pau Seco e hoje quase completamente abandonado. O terreno chato em que viajávamos não nos mostrava outra coisa senão areias brancas, provavelmente superpostas à canga que começávamos já a encontrar nos arredores de Pau Seco. O alferes, que resolvera vir na frente, teve a amabilidade de mandar preparar um aposento para nós. À boca da noite, como fizesse muito frio, acendeu-se dentro mesmo do quarto uma fogueira. Apesar da grossa fumaça que dela se desprendia, nós nos felicitávamos pela ideia, quando fortes e numerosas picadas nos advertiram da presença de um enorme ninho de maribondos preso a um dos caibros do teto. Incomodados com esta atmosfera para eles tão estranha, os insetos tinham saído em enxame, para se vingarem dos culpados pelo seu mal-estar. Fomos forçados a deixar a sala, e a ela só pudemos voltar depois de apagado o fogo.

As dez da manhã do dia 29 deixamos a fazenda, caminhando duas léguas e meia através de areões semelhantes aos do dia anterior, para chegar no lugar chamado Cachimbo, onde paramos para descansar os animais e dar-lhes de beber, pois restava-nos ainda para percorrer uma distância de quatro léguas, através de cerrado espesso, e já sabíamos que não íamos achar água no ponto onde tínhamos de parar para passar a noite. A última légua é feita numa estreita

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