o de Casalvásco, constituído de cinquenta homens, sob as ordens de um capitão.
Sempre tinha ouvido falar nos arquivos desta antiga capital como repositório de documentos geográficos de grande interesse. Por isso, eu esperava encontrar ali os roteiros dos ousados aventureiros de São Paulo, aqueles que penetraram na região antes de quaisquer outros, e arrostando com perigos incríveis. Eu sabia, por exemplo, que Ricardo Franco, Lacerda e Almeida e os outros sábios portugueses que formaram a comissão de limites tinham depositado ali uma cópia de seus belos trabalhos.
Não foi sem dificuldade que obtive a autorização para fazer um estudo aprofundado dos documentos contidos naqueles arquivos; quando finalmente me dirigi ao lugar em que estavam guardados, muito me custou descobrir a pessoa por eles responsável. Disseram-me depois que as chaves tinham sido perdidas e que desde muitos anos ninguém ali havia penetrado. Afinal, quando conseguimos entrar, estava-me reservada a decepção de verificar que os ratos e os cupins haviam destruído todos os papéis, e que as pastas se desfaziam em pó mal eram tocadas. Achei vários fragmentos de trabalhos geográficos, mas eles na sua maioria estavam imprestáveis. Soube mais tarde que por ocasião da transferência da sede do governo para Cuiabá, para lá tinham sido levados todos os documentos administrativos, ficando todavia em Mato Grosso tudo quanto se referia especialmente a essa parte da província.
Conhecendo há longo tempo a insalubridade da zona, e sabedor de que quase todos os brancos que nela quiseram permanecer muito tempo tinham sido atacados pelas doenças reinantes, resolvi não permanecer naquela cidade pestífera mais do que o tempo absolutamente necessário. Tratamos assim de montar quanto antes o nosso observatório magnético e de determinar a posição geográfica de Vila Bela. Neste trabalho fomos, aliás, favorecidos pelo tempo.