Além de Lavrinhas, há nas proximidades de Mato Grosso duas outras localidades de onde se extrai ouro; são elas São Vicente e Pilar, aldeolas de que vamos dizer algumas palavras.

São Vicente tem uma população de cerca de quatrocentas pessoas, das quais apenas vinte são escravas. Não há um só branco neste meio. Há no povoado umas cento e cinquenta a cento e sessenta casinhas de palha, e uma capela. As minas de ouro que atraíram esta gente para o lugar foram descobertas pouco depois da fundação de Mato Grosso. O arraial foi fundado no lugar chamado Chapada, que está abandonado desde uns vinte anos por falta de braços para a exploração. O ouro extraído desta chapada é contido em filões de quartzo existentes no meio de um grés muito duro e quartzoso, semelhante ao que observáramos no dia 8, na floresta do rio Guaporé. No atual arraial de São Vicente há duas minas em exploração. O terreno das lavras parece formado, a julgar pelas informações que obtivemos, de uma crosta superficial de canga, espessa mais ou menos de 12 metros; de uma camada soto-posta de cascalho formado de seixos de quartzo e de grés itacolumítico, camada que tem uns três metros de possança e onde já existe um pouco de ouro, muito disseminado; finalmente, embaixo do cascalho, a piçarra, argila de três cores (violeta, amarelo e branco), contendo ouro em maior quantidade, sob a forma de palhetas. Destas argilas a mais rica é a violeta; em segundo lugar vem a amarela e em terceiro a branca. Deve ainda notar-se que foi no cascalho que se encontraram as maiores pepitas. A água surge a um metro de profundidade, na argila. Na exploração começa-se por remover a canga, depois o cascalho e finalmente a argila, que se lava com todo cuidado. Nas colinas próximas a São Vicente existem ricos veios de cascalho aurífero, mas eles se metem pela montanha, acompanhando o curso de um antigo córrego. A dificuldade que há