parecis fazem em cinco ou seis dias a viagem de São Vicente à Vila Diamantino, por terra. Afirmam eles que durante esta viagem só têm necessidade de atravessar dois rios importantes. Serão provavelmente os mesmos de que há pouco nos ocupamos. O caminho seguido pelos índios passa acima das cabeceiras dos rios Jauru, Cabaçal e Sepotuba. O comércio de Mato Grosso é muito pequeno; várias caravanas fazem todavia permanentemente viagens de ida e volta a Cuiabá, e é por meio delas que vêm quase todos os artigos europeus. Outrora fizeram-se muitas expedições pelo rio Madeira; mas, depois que foi aberta a navegação pelo Arinos, que não é mais perigosa do que a por aquele, e encurta muito a distância, a antiga rota foi quase completamente abandonada. Passam-se hoje anos inteiros sem que uma só embarcação apareça no rio Madeira, por onde em média não transitam mais de duas canoas por ano, se tanto. Sito também quase nulas as relações comerciais com a Bolívia; entretanto, importa-se das províncias de Moxos e de Chiquitos uma pequena quantidade de sal, farinha de trigo, açúcar, além de algumas boiadas pequenas. A região chegou a tal estado de abandono que, a despeito da extraordinária fertilidade de seu solo, ela não faz mais do que exportar uma pequena quantidade de pó de ouro e alguns couros de onça. O que nela se produz chega apenas para o consumo dos habitantes.
Quando estávamos em Pilar recebemos a visita de um homem que havia adquirido no Brasil uma certa celebridade; refiro-me ao revolucionário de nome Sabino, chefe de uma conspiração cujo resultado foi a revolta da Bahia e o estabelecimento nesta cidade, durante algum tempo, de um governo republicano, com ele à frente. Era um mulato bem constituído, baixote e cabeçudo, com uma funda cicatriz na testa. Sabino tinha-se deixado arrebatar por uma imaginação ardente; tudo nele denunciava pendores sanguinários, e a exaltação a que chegou com os sofrimentos