Expedição às regiões centrais da América do Sul v.2

na maioria dos rios da região; ela difere talvez especificamente da que Schomburgk descobriu na Guiana Inglesa.

A 20 partimos de Casalvasco, acompanhados de uma escolta incumbida de nos levar ao primeiro posto espanhol. O terreno por nós percorrido era perfeitamente plano; também, na estação das águas ele fica inteiramente inundado. Por ocasião de nossa passagem, viam-se ainda à direita e à esquerda da estrada pequenas lagoas, restos das últimas chuvas.

A formação geológica acha-se invariavelmente oculta aos olhos do observador; na superfície só se veem terras argilosas. Com uma légua e meia de marcha chegamos ao rio Barbados, que atravessamos numa barquinha. Sua largura é neste ponto de cerca de 80 metros. Durante a seca sobe-se o rio até um pouco mais além, e atravessa-se a vau.

A vegetação destes campos varia pouco; predominavam nela as tuívas, árvores que se carregam de flores cor-de-rosa claro. Em quantidade quase igual veem-se também caraíbas, cujas flores são amarelas, e uma outra bignoniácea de flores alvas, notáveis pelo perfume delicioso que exalam. Finalmente, os uauaçus [babaçus] balouçam o elegante penacho acima das ilhas de mato que se veem espalhadas pelo campo.

Esta região, parcialmente inundada, alimenta grande quantidade de animais; eram muito abundantes as aves palmípedes, bem como várias conchas fluviais e alguns crustáceos. O lobo vermelho (Canis jubatus) parece ser muito abundante na zona; avistei-me certa vez com um, mas foi inútil o tiro que lhe dei com a minha pistola, única arma de que no momento dispunha. Esse carnívoro tem o tamanho de um lobo pequeno; é de cor ruiva e tem uma crina escura. É muito temido pelos naturais e parece habitar

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