Expedição às regiões centrais da América do Sul v.2

todo o distrito da Barra do Ouro Fino, o Morro do Calisto, Batatal, o distrito da Anta, a serra que corre a noroeste e os trinta e quatro rios que dela vertem, todos contêm ouro, o mesmo acontecendo com o terreno do rio Tesouras. Além disso, no distrito de Rio Claro, ao lado do ouro, encontram-se também diamantes. Tira-se porém pequeno partido dessas riquezas, não havendo em todo o julgado senão cinco estabelecimentos ocupados na extração destas matérias preciosas e dando, assim mesmo, trabalho a não poucas pessoas. É bem verdade que, afora estes estabelecimentos, há ainda alguns mineradores que trabalham isoladamente e são chamados na terra de faiscadores; estes, contudo, não exercem uma atividade permanente, retirando-se logo que obtêm alguma coisa e indo dissipar na ociosidade o fruto dos sacrifícios feitos. De todos os postos de mineração, o mais importante é a Pedreira do Arraial da Anta, explorado em escala um tanto grande pela sociedade dos Seis Amigos.

Existem minas de ferro em Ouro Fino, em Anta, no Rio Claro e na aldeia de São José; elas não são, porém, objeto de exploração. O naturalista Pohl, que viajou pela província, descobriu, dizem, grandes quantidades de cromo perto de Ouro Fino.

Afora o ouro e o diamante, o termo de Goiás produz ainda ipecacuanha, salsaparrillia, que dizem ser tão eficaz quanto a do Rio Negro, anil, urucum, tabaco, café, algodão, óleo de copaíba, açúcar, aguardente, toucinho, carnes salgadas e couros.

Não há em Goiás nenhum estabelecimento regular de fiação e tecelagem do algodão; existe, porém, em todo o julgado, mais de trezentas oficinas, assaz imperfeitas, é verdade, ocupadas em fiar grosseiramente o algodão, seja manualmente, seja por meio de fusos muito ordinários. Fabricam-se assim tecidos que servem apenas para vestir os escravos ou as pessoas demasiado pobres.

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