O naturalista no rio Amazonas - T1

e decidi ir para lá, tanto pela facilidade de acesso como pelo pouco que era conhecido, comparado a quase todos os outros lugares da América do Sul".

O livro de William Edwards, Uma viagem subindo o rio Amazonas, incluindo uma estada no Pará foi publicado em Londres em 1847, e a viagem do americano se realizara em 1846. Sem perda de tempo escreve ao amigo de Leicester, propondo-lhe essa viagem na qual acumulariam "fatos que resolvessem o problema da origem das espécies". Logo nos primeiros dias de 1848 segue Bates para Londres. Juntos visitam as coleções ainda incipientes e relativamente pobres do Museu de História Natural, o célebre jardim botânico de Kew e passam horas e horas na biblioteca em busca de informações da terra que iam explorar. Gastam em tais preparativos três meses e afinal, em 26 de abril, "num pequeno navio mercante" deixam Liverpool em demanda da Amazônia, chegando a Salinas um mês depois, para desembarcar em Belém a 28 de maio.

De vinte e oito de maio de 1848 a dois de junho de 1859 vive Bates na Amazônia, residindo em Belém, Cametá, Óbidos, Santarém, Ega, São Paulo de Olivença. Quanta coisa se passou desde essa primeira noite de mês mariano, quando tivera "a impressão de que o misto de desalinho, riqueza e formosura das mulheres estava em perfeita harmonia com a mistura igualmente impressionante das riquezas naturais e da miséria humana", e essa noite derradeira quando, partido o piloto mameluco ele sentiu "que se partira o último elo que o prendia à terra de tantas recordações agradáveis e na qual tantas vezes pensou ser mais um exemplo a acrescentar à lista expressa no provérbio parauara: Chegou no Pará, parou; bebeu açaí, ficou".

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