O naturalista no rio Amazonas - T1

Não se pense, pelo título, que Bates apenas trate da fauna e da flora. Seu livro traduz a observação de um curioso por todos os nossos problemas, sempre olhados com simpatia. Era natural que estranhasse os costumes, ainda com muita coisa de colonial, mas reconhece que era uma herança portuguesa e que aos poucos nos íamos libertando dos velhos moldes carrancistas. Entre os seus melhores amigos tivera não somente pessoas das classes mais elevadas e cultas, como o Dr. Angelo Custodio Correia, por mais de uma vez presidente do Pará, mas gente humilde como o alfaiate negro de São Paulo de Olivença, a velha negra liberta que tomava conta do que era seu, durante suas ausências de Belém, e em Ega batizou uma porção de afilhados. Faz justiça a alguns de nossos padres, à pureza de costumes da gente de Ega, onde a vida podia ser comparada à de qualquer vilarejo igualmente isolado da Europa.

Do clima, tão malsinado por outros viajantes, escreve: "A temperatura uniforme, a vegetação perene, a frescura da estação seca, quando o calor do sol é amenizado pelas brisas marinhas, e a moderação das chuvas periódicas fazem do seu clima um dos mais agradáveis da face da terra". E adiante se refere a ingleses aí residentes que conservavam seu bom aspecto florido, como se continuassem em sua terra.

O etnólogo encontrará neste livro informações de nada menos de trinta diferentes tribos de índios, com a observação sobre os seus costumes, nível mental, festas, etc.

Ninguém conseguiu ainda, melhor que Bates, compendiar em tão poucas páginas e de modo tão vivo e interessante, a fauna amazônica. Leia-se o comentário de Carlos Darwin a esta obra e se verá como o livro vale o comentarista.

O naturalista no rio Amazonas - T1 - Página 28 - Thumb Visualização
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