O naturalista no rio Amazonas - T1

numa só direção. O fluxo de um dos canais às vezes se transforma em refluxo em suas ramificações. Viajando do Pará para o Amazonas sempre segui o canal mais a Leste e aí o fluxo da maré sempre traz uma forte correnteza para montante. Dizem que isso não é tão apreciável em outros canais e que o fluxo nunca supera a correnteza do rio principal, o que pareceria em favor da opinião dos geógrafos que acreditam ser o Pará uma das bocas do Rei dos Rios.

Os canais de que estamos falando, ao menos os mais direitos, que os navios mercantes percorrem na viagem do Pará para o Amazonas, têm umas 80 milhas de comprimento, mas em muitas milhas do seu curso não vão além de cem jardas de largura. São muito profundos e, em certos pontos, tão retos e regulares que parecem artificiais. Os grandes vapores fluviais, que atualmente viajam para o interior, em alguns pontos roçam nas árvores de uma e outra margem com as suas caixas das rodas.

Toda a região é uma imensa brenha, coberta pela mais luxuriante vegetação tropical, na qual sobressaem, em elevada proporção, as mais estranhas formas de palmeiras de algumas dezenas de espécies. Mais tarde, quando chegar a este ponto de minha narrativa, terei ocasião de novamente aludir à maravilhosa beleza destes românticos canais.

O rio Pará pode ser considerado como o estuário d'água doce, comum a numerosos rios que para ele correm, vindos do sul. O principal é o Tocantins, de 1.600 milhas de comprimento e cerca de dez milhas de largura na foz. Forma então o estuário magnífica massa d'água de 160 milhas de extensão e oito de largura em seu começo brusco, onde recebe os canais que acabo de referir. Há um grande contraste entre o aspecto geral do Pará

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