O fumo boliviano é incomparavelmente superior a qualquer outro. A borracha, o algodão, a cana-de-açúcar, o cacau, a casca de cinchona, a baunilha, o coco, resinas, madeiras para tinturaria, plantas medicinais e numerosas madeiras ornamentais altamente preciosas à marcenaria artística, constituem produtos comuns em solo boliviano. Seu comércio, porém, é insignificante em comparação com o que poderia ser se dispusesse de facilidades para atingir a costa. Ao tempo de que nos ocupamos, a Bolívia dispunha de apenas um porto de mar, quase inútil por estar situado em um deserto desprovido de água; mesmo assim, porém, foi ele posteriormente cedido ao Chile. Quase todo o seu comércio externo transitou por esse porto de Cobija, no deserto de Atacama, e por Arica, no Peru. O acesso a esses portos fazia-se após penosa viagem através dos Andes, ao longo de desfiladeiros imensos serpeando a 4.500 metros de altitude, perigosíssimos mesmo ao casco firme das mulas e onde o frio penetrante e o soroche tornavam a vida quase insuportável aos indivíduos acostumados a altitudes mais moderadas e temperaturas menos extremadas. A carga que se podia transitar por essa via estava, naturalmente, limitada à capacidade de transporte de um muar e esta, não excedendo, comumente, de 150 quilos, a leste dos Andes ficava reduzida a 75. Pode-se, portanto, facilmente compreender que o transporte, por esse método, de cargas pesadas ou volumosas, como sejam maquinários, estava inteiramente fora de cogitação.
Em 1870 abriu-se ao tráfego entre Porto Mollendo e Puño, no Peru, uma estrada de bitola comum, com 523 km de extensão. De Puño passageiros