Estrada de Ferro Madeira-Mamoré: história trágica de uma expedição

alagadas pelas águas que não encontram escoadouro fácil através das quedas do rio Madeira".

Em junho de 1852, quando já baixava o nível da inundação, o Tenente Gibbon, da marinha norte-americana, fez uma viagem de Trinidad, na bacia de Mojos, a Loreto, distante 12 léguas. É a seguinte a descrição que faz da região:

"As estradas são navegáveis em canoas durante quase metade do ano, período esse em que a viagem é muito mais fácil que na época da chamada seca. O íncola constrói suas choças nos pontos mais altos, habitualmente insulados pelas águas; quando estas começam a subir, grilos, lagartos e cobras afluem às malocas; manadas de gado selvagem cercam sua habitação, tatus andam aos esbarrões contra o vasilhame de barro empilhado nos cantos, enquanto os felinos e os campeiros rondam mansamente as vizinhanças. O jacaré achega-se cordialmente e a gran bestia (a anta) vem sentar-se mesmo à entrada da maloca.

Assim, sob a influência do dilúvio anual, o mundo animal se irmana de maneira estranha; os de terra se reúnem onde os anfíbios são forçados a se refugiar e, enquanto as chuvas caem, todos eles esperam pacientemente. Os pássaros voam rente sobre o topo das árvores e o teto das cabanas, enquanto que, nas águas, os peixes deixam a calha dos rios e vêm explorar a planície alagada."

O Coronel Church cita a seguinte passagem do Conde Castelnau: "Toda a planura desde a desembocadura do Mamoré até o Pilcomayo fica inteiramente inundada de outubro a março, apresentando o aspecto de um vasto oceano pontilhado de ilhotas

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