Estrada de Ferro Madeira-Mamoré: história trágica de uma expedição

fez que tirar algumas vistas fotográficas para mostrar o estado das obras em Santo Antônio e um pouco acima.

No ano seguinte o Sr. Júlio Pinkas, oficial-engenheiro austríaco que estivera subordinado ao Dr. Morsing e desfrutava de grande prestígio no Brasil, foi posto à testa de uma comissão composta de 15 membros, com autoridade para fazer quanto fosse preciso para estudar a estrada de ferro.

A comissão partiu do Rio de Janeiro a 10 de janeiro de 1883, e de notas deixadas por duas testemunhas oculares do embarque, extraímos os trechos que se seguem. Escreve um desses observadores: "Parece que ainda estou vendo a chusma de jovens engenheiros, trajando indumentária típica, com botas altas, esporas, revólveres, binóculos a tiracolo e capacetes de mato, passeando pelos cafés chiques do Rio de Janeiro, antes de embarcarem para desempenhar a patriótica missão de dar aos ianques uma lição em construção ferroviária". A outra testemunha assim se exprime:

"Fomos a bordo do vapor "Espírito Santo", no qual eles deveriam seguir viagem, movidos por grande curiosidade; e nós dois, relíquias da expedição norte-americana, ficamos de lado observando o movimento com vivo interesse. Lembrávamos — e muito bem — da partida dos Estados Unidos, das várias turmas da expedição norte-americana e quando vimos esses filhos da nobreza e da aristocracia brasileira, pendurando-se chorosos ao pescoço de todos, no momento da despedida, chegamos à conclusão de que não seria essa gente que iria verificar o serviço que havíamos executado. As cenas de bordo não tinham

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