Estrada de Ferro Madeira-Mamoré: história trágica de uma expedição

suas sondagens ao nível mínimo, deve tê-los obtido de informações fornecidas por índios e gente ignorante. Esta falha vicia todo o seu trabalho e o torna inútil, a não ser quando o nível do rio estiver próximo ao em que as sondagens foram efetuadas. O comandante só se deteve algumas horas em Santo Antônio; mas foi o suficiente para saber que nenhum dos engenheiros tinha até então conseguido determinar que a diferença entre o nível máximo e o mínimo do rio abaixo de Santo Antônio era de 51 pés, no ano. De fato, longas e cuidadosas observações efetuadas subsequentemente, demonstraram que a diferença precisa entre o nível máximo e o mínimo do rio era de 41,75 pés. A consequência disso foi registrar Selfridge, em sua carta, a profundidade do ancoradouro de Santo Antônio como sendo 9,25 pés menos do que de fato era. No ponto em que a carta indica cinco pés d'água, na barra abaixo do ancoradouro de vapores, as mesmas sondagens, devidamente reduzidas ao nível mínimo do rio, dariam 14,25 pés, erro sério se considerarmos que nenhum vapor pode atracar em Santo Antônio sem cruzar essa barra. O que é estranho é que em todas as cinco cartas gerais do Madeira, abaixo de Santo Antônio, o Comandante Selfridge indica que a máxima diferença anual de nível do rio é de 38 pés, ou seja, 13 pés menos que o que ele mesmo determinou em Santo Antônio, ou quase quatro menos que o determinado pelos engenheiros P. & T. Collins! A mera afirmativa de que existe uma oscilação uniforme de nível nesse rio, numa distância de 1.063 km, sem nenhuma observação em que se basear, é inteiramente absurda e incrível.

Estrada de Ferro Madeira-Mamoré: história trágica de uma expedição - Página 451 - Thumb Visualização
Formato
Texto