Estrada de Ferro Madeira-Mamoré: história trágica de uma expedição

"Conhecemos agora todas as fases por que passa o parasito malárico, tanto, no organismo humano como no do mosquito; e, além disso, verificamos que cerca de 18 espécies de mosquitos, pertencentes somente ao grupo Anophelinae, podem transmitir a moléstia, enquanto que outras parecem ser inócuas. Conseguiu-se também produzir experimentalmente a moléstia, primeiramente em pássaros, em 1898; depois cientistas italianos, Fernside, Ziemann e finalmente Manson também o conseguiram. Em 1900 Manson produziu a mais extraordinária dessas experiências, conseguindo inocular, em Londres, três cavalheiros que voluntariamente acederam em se deixar picar por mosquitos trazidos da Itália. Sabemos, portanto, agora, quão completamente é a moléstia transmitida por tais insetos, que transportam os parasitos dos doentes para os sãos. Explica-se, hoje, cabalmente, porque a malária está intimamente ligada com as águas estagnadas. Não é porque os germes vivam na água, mas porque o seu veiculo, o Anopheles, aí vive. É estranho que as espécies não transmissoras não se desenvolvam tanto nas poças d'água como nas vasilhas abandonadas com água, em torno das habitações — fato que mais justifica a velha lei. Indaga-se, frequentemente, se não se pode apanhar maleita a não ser pela picada do mosquito. Só posso dizer que ainda não se conseguiu prova satisfatória nesse sentido; além disso, por motivos de ordem zoológica, é altamente improvável que o parasito, cujo ciclo vital já é suficientemente complexo, consiga subsistir em outros meios além dos organismos humano e do mosquito. Ao mesmo tempo nenhum fato ocorreu,

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