e processos, que, finalmente, foram suspensos porque a habilidade política do ministro Tomás Antônio entendeu desviaro perigo por um ato de magnanimidade, perdoando os implicados, "o escol da sociedade carioca", diz-nos o Sr. Assis Cintra, na fé das informações que pôde reunir. E, de fato, houve muita gente incluída na devassa.
O perdão veio a 16 de março, mas foi em vão, pois que um mês depois, em 20 de abril, tem o governo denúncia de nova conspiração. Redobra de vigilância, sem maior resultado: a 4 de outubro, garante Beauville, devia estalar outro movimento, cujas proclamações chegaram a ser afixadas. Foi tudo isto, sobre a esperteza lerda de D. João VI, que levou a confessar, mesmo ao filho de quem desconfiava, que o Brasil não tardaria a separar-se de Portugal. E ele sabia, também, que tudo isto era tramado na maçonaria, já então sob a direção dos Ledos. Garante o mesmo Sr. Cintra, que o Ledo deputado fora para Lisboa "com o fim oculto de mandar informações...". Tal intuito nos explica, talvez, por que o dr. Ledo foi tão pouco ostensivo no seu brasileirismo, ao lado dos Feijó e Barata. E vale a pena continuar a transcrever alguma cousa das trezentas e tantas páginas com que ele procura tirar a José Bonifacio a glória de ter feito a independência de 22: "Do processo instaurado contra os conspiradores [fevereiro de 21] ficou provado que a ideia da República partira da loja maçônica Comércio e Artes, por inspiração dos irmãos Gonçalves Ledo... A política,em virtude disto, ordenou o fechamento da Loja Comércio e Artes, e organizou a perseguição dos maçons, perigosos alteradores da ordem. Mas os maçons continuaram a conspirar". Não se dirá que os textos e argumentos do Sr. Cintra bastam para despedaçar o pedestal em que assentaram o patriarca de 22, mas são eloquentíssimos para demonstrar que a tradição da maçonaria brasileira, mesmo no Rio de Janeiro, era nitidamente