O PORTUGUÊS, O ÍNDIO E O NEGRO

PORTUGAL terá sido o fator dominante, o determinante na formação do Brasil, mas outros valores humanos entraram depois a influir na constituição da sociedade brasileira que ela se tornou completamente diversa daquela origem. O português organizador e educador desta nova sociedade teve que diluir, de início, a sua influência na grande massa de silvícolas incorporados à vida colonial. Depois, com a entrada de numerosos negros, houve uma desenvolvida mistura de gente a complicar a nossa formação.

O português, menos refratário à fusão do que outros povos, juntou-se francamente, em sangue e costumes, aos indigenas. Aproveitou-os, tentou escravizá‑los, e cruzou com eles, o que não fizeram outros, principalmente os franceses. O português foi o mais humano dos colonizadores, porque foi o que mais cruzou. Essa observação tem de ser fixada para achar a definição do tipo racial e das formas sociais peculiares às gentes brasileiras. O índio é para a Nação brasileira um fator essencialmente importante, quase decisivo. A nossa nacionalidade foi a que primeiro se pronunciou na América, por ter sido o Brasil o território onde melhor se misturaram em feliz combinação os indígenas com os colonizadores. E isso se explica porque, ao contrário do que sucedeu na Ásia e na Africa, aqui o índio contribuiu fundamentalmente com o seu sentimento de autonomia