O Brasil

Em contraste com os movimentos de ternura nos casais misturados, há a inveterada cobiça, a necessidade de viver e prosperar. O índio é a possibilidade de explorar a terra e de conquistar riquezas, e desde que a moral da época admite a escravidão, escravizam-no, para tirar-lhe trabalho.

O Estado quer captar a boa vontade do indígena, mas é forçado a transigir com os interesses do colono, e este, em consequência, abusa da sua situação de dominador: converte o cativo em animal de carga, ilude as leis e regulamentos que limitam as possibilidades de cativar homens, provoca guerras entre as tribos, porque isso lhe fornecerá mais escravos; estimula os instintos inferiores do gentio, fomenta a ganância dos caçadores de escravos, com grave injúria aos princípios de humanidade.

O historiador inglês Robert de Southey, que estudou profundamente a história da formação brasileira, sustenta que o sangue indígena predominava no Amazonas e em outros pontos do nosso território, e assegura que se não fosse a tenacidade dos jesuítas protegendo os índios não teria sido possível aos europeus manterem as suas colônias no começo do século XVII. E Diogo de Vasconcellos, em 1612, escrevia ao Rei de Portugal que "sem o gentio mal se poderá remediar nem povoar tão larga costa".

Ainda outro inglês, Koster, que viajou pelo Brasil afirma que, sendo quase "todos os homens que fizeram parte das expedições coloniais dos portugueses, sem família", isso prova a importância do cruzamento das duas raças que aqui se encontravam no primeiro momento.

Já em 1556 um padre, de nome Pires, escreve de Pernambuco que se "fizeram muitos casamentos com mulheres da terra".