O Brasil

ideal. O chefe militar da República, apesar de absolutamente impróprio para a tarefa, não desmentiu em insinceridades, o arrojo desinteressado com que se atirou ao movimento; mas, no conjunto do seu caráter, impetuoso e superficial, não havia onde fazer a condensação de experiência social e política, que brotasse em instituições decisivas, como o exigia o momento revolucionário. Ostensivamente leal e franco, ele aceitou, no entanto, as inteligências civis que a situação pareceria indicar, e organizou o seu ministério bem dentro da crise, de acordo com os próximos antecedentes dela. Todavia, dado que ele, chefe, era insuficiente como inspiração, e que a situação do momento era dispersa, partida em diversas orientações, o ministério não podia fazer obra coerente, realmente vivaz e organizadora. O fulgurante prestígio mental de Ruy Barbosa deu-lhe, desde logo, acentuado ascendente sobre o ditador, desnivelando o resto do governo, e cada um dos outros veio confinar-se dentro da sua pasta, se bem que as resoluções se anunciassem em conjunto do gabinete. Não tardou que o ministro positivista discordasse (com razão) de uma qualquer medida resultante da abundância financeira ruidesca. Foi o primeiro dissídio dentro da República, dissídio agravado da imiscibilidade das ideologias liberal e positivista. E o dissídio se multiplicou em fendas por todo o primeiro decênio da República, principalmente porque intransigências e ambições, mascaradas nas mesmas doutrinas positivistas, davam pretextos a repetidas disputas estéreis, para o fermentar dessa oposição que, alastrando, atirou o soldado desinteressado e franco de 15 de novembro nos braços do reacionarismo, para os dias tristes do golpe de Estado, e tudo mais que ainda não acabou.