Nestas condições, nada incompatibiliza mais as antigas capitanias-províncias para uma imediata federação do que a respectiva história. E a República, que veio para mais irmanar e harmonizar os povos brasileiros, tinha por dever primeiro dar-lhes as bases justas dessa irmanação na igualdade. Nada a obrigava a respeitar os limites arbitrários, feitos pela metrópole no seu exclusivo interesse.
Em vez de realizar as condições da franca solidariedade nacional pela justa distribuição territorial das unidades, a federação republicana criou, com os estados poderosos e grandes, novas dificuldades à necessária união de espírito e aproximação de interesses gerais, dentro da União. Não havia, aqui, zelos de tradições localistas; sempre aceitaram, os brasileiros, serem UMA NAÇÃO e aparecer ao mundo como o Brasil. Para nós, a federação não era nem a reivindicação de províncias e povos aproximados a contragosto, nem a simples necessidade de política externa. Era, sim, a vantagem da vida local, para atender a tudo que é propriamente regional, assim como a necessidade de, para a política geral da nação, evitar-se a existência de um governo central ultra-poderoso, incontrastável, como representante exclusivo da Nação brasileira. Uma das paixões humanas mais violentas e funestas ao bem geral, a paixão do poder, resulta justamente das formas centralizadas do Estado. Na monarquia, o mal se corrige, aparentemente, isto é, dissimula-se, como prestígio da Coroa; nas repúblicas, é o motivo em que elas se viciam e definitivamente se degradam. Destarte, desembaraçar a vida regional, prevenir a paixão do mando, tal se esperava da federação brasileira, e que devera ser tão empenhada nisto, como em não despertar zelos particularistas, nem contrafazer a solidariedade nacional. Ora, o que aí está agrava