o que se devera evitar, sem atender aos intuitos mesmos da organização federativa, divide regiões homogêneas, engloba zonas absolutamente heterogêneas; deixa desamparados largos tratos do território nacional, sob a forma de estados, que só tem extensão, e uma oligarquia para, de qualquer forma, explorá-lo. E resultou que o regimen republicano, dentro do qual logo se renovou a crosta de sempre, veio a ser a reconstituição do poder central, metropolitano, em torno dos dois grandes estados em que se absorveu a República federada. E, dados os vícios de mandonismo em que nos formamos, dissipadas as ficções de que se cercara o Império, a mesma República se tornou num arbítrio político mais deslavado que nos dias turbados de Pedro I.
Capitanias...províncias...estados...mudança de nomes, tal se resume a evolução política do Brasil. E como desapareceu a Corte a que se subordinavam as províncias, ei-las despeiadas legalmente para serem mais ostensivamente dos capitães-mores, oligarquias em quem reconstituiu o poder central metropolitano, agora abocanhado pelos dois grandes estados conluiados, em tal desplante que, de fato, nunca pesou sobre esta pátria mais mesquinha tirania. Num Brasil de 37.000.000 de habitantes, o chefe do Estado, a maioria dos ministros, todos os cargos e comissões superiores, até da justiça, só podem caber a politiqueiros de São Paulo ou de Minas; brasileiro de qualquer outra origem está, por isso mesmo, eliminado. É bem de ver que nenhum povo atura uma tal espoliação. O movimento de reação se fará, fatalmente e, já agora, a reação necessária será um prejuízo da solidariedade nacional. Ontem, eram ciúmes de populações — estados reduzidos à tutela, iniquamente despojados de direitos essenciais na realização da República; hoje, são despeitos e irritações