governo da metrópole, de quem são, os mesmos dirigentes, herdeiros diretos e continuadores imediatos. Por isso mesmo, tratando de tradições nacionais, não pensamos, de modo nenhum, na tradição da política dirigente até hoje dominante. As tradições nacionais, manifestadas somente com os movimentos de solidariedade em torno da pátria idealizada, e em revolta contra a pressão dominante; estas correspondem justamente ao espírito de reivindicações contra a tradição política; aquelas valem como inspiração de justiça e liberdade; esta, como tendência ao despotismo vil, insincero e espoliador.
E vale, ainda, por preconceitos vários, numa ideologia reles e mesquinha, torpe justificativa do ignaro governo que tem tido esta pátria. Será preciso notar explicitamente tais preconceitos, assinalando, ao mesmo tempo, os seus desastrosos efeitos concretos. Antes, porém, para não deixar no vazio essa resenha, torna-se preciso dar a significação do fato tradição, referido a classes.
Desde que uma classe ativa — dirigentes, exército, mercantis — se caracteriza em manifestações próprias, tal atividade se define por uma generalização: mentalidade, e conceitos e sentimentos, e processos de conduta. São formas ideológicas e morais, que se organizam e vivem, com todas as propriedades da vida; tendência de expansão, tenacidade de conservação... Vivazes, impositivos sobre as consciências que entram na ação da classe, e que por ela vivem, esses conceitos e sentimentos e processos se incorporam, em cada caso, à respectiva tradição. A não ser num movimento de explícita revolta, com o intuito formal de reforma, é impossível ao indivíduo pertencer a uma classe, ser solidário dos seus destinos, e furtar-se ao influxo da respectiva tradição, que é como ativo aglutinante das