reivindicações revolucionárias contra as jurisprudências. O puro jurista, bem penetrado da excelência da justiça codificada, nunca será fator de progresso nas instituições, pois que, de modo geral, a sua cultura a uma mecanização do espírito manifesta resistência a tudo que não está consagrado nas legislações. Nem mesmo se pode pretender que ele, o jurista, seja o bom interpretador das leis, porque os há, sempre, para interpretações opostas. A própria exegese dos textos encurta-lhes e amiúda-lhes a visão, como disseca o entendimento. Já houve quem apostrofasse: "Pérfido como a alma de um jurista profissional!". Sim, visto que o melhor dessa profissão é contestar direitos, e toda contestação de direito é uma perfídia ao espírito de humanidade. Por isso mesmo, para o bárbaro, que não conhece outra justiça senão a pendência de honra e a cordialidade dentro da tribo, para este, homem da lei é um pérfido, um mau. Contemplando a degradação da Roma republicana, observa Mommsen: "...a censura cabe a todos (os dirigentes), as mais cruéis, porém, devem dirigir-se aos advogados".
Se se procura uma fórmula para o intuito supremo da política, a mais própria e expressiva será realizar a felicidade do maior número. Ora, nesse propósito, o jurista será sempre o mais impróprio. Cultor da causídica, vergado sob interesses de incidentes entre individualidades, reduz-se-lhe o horizonte, e mingua-selhe o coração para o ideal de solidariedade, que é a própria extensão do afeto. Lutas da razão, conquistas sobre a justiça legitimificada, expansão dos corações para a bondade...assim se faz o progresso humano: como pretender que a isto nos levem mentalidades peiadas ao juridismo?