O Brasil

sem a segurança de um critério didático, por sobre a distorcida e insuficiente cultura jurídica. No primeiro caso, o saber adquirido faz parte da formação essencial do mentalismo no que se refere aos aspectos gerais da vida, e vem constituir a estrutura mesma do seu espírito; um tal preparo científico precede os julgamentos filosóficos e sociais,e dá-lhes uma base constante e segura. Outra coisa bem diversa é o que acontece com indivíduos que procuram um suplemento de saber quando já têm a sua mentalidade feita, inclinada em tais ou quais preconceitos — falsa filosofia ou interesseira sociologia, e o saber, tardio e mal assimilado, como emplastro sobre um pensamento viciado, serve, apenas, de justificação a compromissos e prejuízos. Nem podem fazer um preparo de autodidatas, porque o curso falho de onde vêm tirou-lhes toda a iniciativa mental e a independência do pensamento. Tomemos para exemplo qualquer famoso bacharelado, bem em vista: por motivo exterior à verdadeira ciência, fez corpo com os teoristas da exploração humana, as mais arianizantes; sente-se baldo de argumentos para justificar a monstruosidade dos conceitos que repete; mas lá,até empazinar-se, Le Bon, Lapouge, e quantos têm maculado a ciência em benefício do colonialismo; e, com uma tecnologia cujo valor lhes escapa, arrevesam soberanamente um pensamento pobre e sediço, na empáfia de quem o evangelho mesmo dá ciência.

Governar deve ser fazer o reinado da lei, em legítima realização da justiça. Parece que ninguém mais próprio para isto do que o jurista. Resista-se às aparências: quantas vezes temos visto a justiça legal armar-se contra a verdadeira justiça humana, reparadora? Uma justiça viva, fecunda para a solidariedade social; a outra é a rigidez jurídica, anquilosada nas jurisprudências, e que, por vezes, é o próprio motivo das