O Brasil

os projetos, decretos, regulamentos em que se organiza a imigração escorrem como a baba de cobiça do trabalho alheio, ou como inveja da prosperidade estrangeira. E houve essa quadra da vida governamental em que se pedia e se fazia a entrada, a jorro encomendado e contínuo, das sobras da população europeia, infelizes deserdados, quanto cooly houvesse, prontos até a fazerem de gado, que se importa. Buscavam-na e recebiam-na como o remédio supremo à própria vida da Nação. Extáticos ante a prosperidade material da grande república americana, nunca lhes ocorreu verificar as condições em que se fazia, ali, a copiosa entrada de novos habitantes, como se preparavam aqueles yankees para recebê-los, como os distribuíam, quais os remotos efeitos de desenvolvida imigração e, sobretudo,a lição que os norte-americanos, e outros povos, em países despovoados, tiraram de uma tal precipitada e basta populização. Nem as questões se discriminavam nas suas mentes, nem teriam eles o critério bastante para a justa apreciação. Queriam, e querem, quem trabalhe e faça riqueza, de que, diz-lhes o instinto, tirarão uma boa parte. Queriam quem trabalhasse, o mais possível, nas condições da escravaria, em que se fartou o negreirismo de onde vêm.

E a tonteira da cobiça mais lhe agravou a estupidez. Se não, reconheceriam as diferenças de formação, que deram, àqueles fortes do Norte, a capacidade de receber, em tempo, francamente, quantos viessem viver ali, sem que tal fosse turbação na vida da nação, sem que houvesse maiores dificuldades para os mesmos imigrantes. Povo nascido na essencial liberdade democrática, realizando desde os primeiros dias o selfgovernment, os norte-americanos estavam em condições de impor, ou melhor, de incutir, o seu gênio, já