Nessa instância mesma, os mais puros e fortes, e inteligentes, os que deram à humanidade todos os progressos, fazem a prova da superioridade] em insuficiência: sabem, apenas, bater-se bárbaros, em técnica científica. São, esses puros germanos, os mais empenhados em conservar a paz; querem-na sinceramente; têm, indiscutívelmente, a superioridade militar sobre os outros, e não sabem manter essa paz de que tanto aproveitavam: querem-na, são os únicos a convencidamente desejá-la, e, finalmente, dão ao mundo o espetáculo de serem os provocadores da guerra! 8.204.000 mortos, 5.669.000 estropiados, expressão da inferioridade sob a permanência do dólico-louro-cefal.
Pois é nessa monstruosa concepção que se monta uma etnologia oficial brasileira, na pretensão de trazer inspiração científica à solução do problema da população! E como tanta insânia não podia deixar de decompor-se em novos erros, da falsa ciência bacharelesca vêm brotando preconceitos de raça, teóricas incompatibilidades, dificuldades que se anunciam, e de que, 50 anos antes, ninguém desconfiava. Motivos históricos — a necessidade de aproveitar o indígena e o negro, facilidades de contato do português, desenvolvida mestiçagem, na bondade do coração brasileiro — fizeram que não houvesse, aqui, prevenções da raça, motivos de graves turbações noutras colônias; e o que para outros foi doloroso problema, no Brasil era questão de antemão resolvida. Há, reconheçamo-lo, uma fortíssima proporção de sangue índio, hoje contado nos pretensos brancos-morenos, de cabelos corridos; há, também, em muitas partes do país, forte dosagem de sangue negro. Mas como o número de misturas é ainda maior: dada a tradicional ausência de preconceitos — o preto no mulato, o mulato no claro, o claro no branco,