francesa. Tudo isto porque não sabem sair dessa mesma influência.
Espíritos como o de um Eliseu Réclus, ostensivamente libertário, enfaticamente "superior a preconceitos de pátria", refaz a história das grandes descobertas marítimas para dar aos bárbaros piratas normandos da Islândia, pelas pequenas aventuras dali à costa fronteira a autoria da descoberta da América. Segue a rota dos grandes iniciadores da navegação oceânica, os portugueses, no intuito explícito de ir apontando lendas e notícias incompletas, donde possa resultar dúvida quanto à influência deles na grande navegação.
Ocupado em achar o que possa nublar a glória portuguesa, o grande geógrafo não chega a notar que esses mesmos navegadores deixaram, por todas as costas, de todos os continentes, traços tão vigorosos, que as posteriores camadas de holandeses, ingleses, franceses não conseguiram apagar. Foi um rastro indelével. No entanto, mesmo quanto ao Brasil, acha Réclus que destacar a fútil pretensão de Granier de que os piratas de Dieppe, um J. Cousin, ao lado de Pinzon, tivessem visitado as costas brasileiras em 1488. Nem o perturba a monstruosa anomalia: franceses, da "grande" França, normandos e outros ousados, fazem as descobertas, e quem aproveita delas é o "pequeno" Portugal. No entanto, bastou que Colombo, em meio de castelhanos, com alguns castelhanos, tivesse descoberto as costas da América, e Castela, sem tradição de grande navegação,faz um império colonial. É bem mais elegante fazer como os alemães, e dar o mérito aos verdadeiros grandes navegadores, ou deixar, como os ingleses, a glória das suas primeiras descobertas aos Cabotos, com toda a sua tradição italiana. Se não fazemos história com o ilogismo dos milagres ou na insuficiência dos acasos, temos que achar a causa natural dos sucessos portugueses, e compreender o desenvolvimento