O Brasil

concomitante teoria, nasceram de observações escassas, superficiais, incompletas e mal induzidas, recolhidas de quem não tinha qualidades para fazer ciência. No entanto, foi o bastante para que o critério francês aceitasse o fetichismo como forma religiosa universal da humanidade primitiva, e, assim, entrou em todas as construções sociológicas, inclusive o positivismo. Ora, está verificado de modo definitivo que muitos dos povos primitivos nada têm de fetichistas. Mas isto não curou a doença. Tão facilmente generalizou sobre fetiches, o francês, como adotou "totens e tabus" de tal sorte que, hoje, todas as sistematizações sociológicas começam em "fetiches" ou "tabus" para acabar na história de França, com rápidas e falhas referências ao mundo antigo e clássico. No entanto, numa verdadeira história para discriminação de valores, a conquista do Atlântico, apreciada nas condições e nos esforços que a produziram, tem muito mais importância para o resto da humanidade do que tudo que vai, limitadamente, de São Luís à Revolução de 89. Em verdade, que pode valer uma sociologia que se faz sem a Ibéria e sem a América? Ora, para um francês, no círculo fechado da França, Carlos VII, o "vitorioso", é um vértice de história, quando, no cotejo das grandezas da época, ele é um poder insignificante, sem nenhuma ação sobre o mundo, ao passo que a "Casa de Aviz" era uma verdadeira ascendência sobre o refazer do Ocidente.

Erguer construções, para o total da humanidade, com induções havidas somente da história francesa, equivale a minguar o Homem, para metê-lo num bolso de calça.

O fato, o aspecto restrito da história de França, explica-nos o pequeno alcance de conceitos dos respectivos historiadores, ou mesmo, a flagrante impropriedade de julgamento, sempre que têm de referir sucessos que não possam ser incluídos em qualquer influência